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FC Porto: As cenas dos próximos capítulos

Artigo de opinião de Gil Nunes.

FC Porto: As cenas dos próximos capítulos
FC Porto

É a carta branca para o maravilhoso mundo da especulação escrito em tons de azul e branco. E porque da tempestade se faz sol, para os lados do Dragão o cenário parece tender ao regresso à bonança: estabilidade diretiva sem o fantasma de Pinto da Costa, sendo que tal foi salvaguardado pelo próprio no período pós-eleitoral; e o tal cenário de equipa jovem que deve ser colocado no topo das prioridades. A letras gordas no célebre relatório de Sérgio Conceição.

Porque a continuidade do técnico é uma questão e não um problema. Se ficar ótimo, tudo bem. Nada como manter no comando aquele que construiu a máquina e que, por conseguinte, a sabe conduzir a alta velocidade na autoestrada da liga. Ainda por cima com recetividade e acarinhamento por parte da maior parte dos jogadores, algo que seria de raiz trabalhável num cenário de novo técnico. Aliás, as próprias palavras em relação aos quatro jogadores afastados traduzem (ou podem especulativamente traduzir) um cenário de redenção necessário a um início de temporada em que todos partem à mesma velocidade e no mesmo pelotão. E numa mesma plataforma de tranquilidade.

E o célebre relatório, ao que tudo indica, manifesta algo que foi preocupante: a chegada tardia de jogadores determinantes (Varela e Nico González à cabeça sem esquecer Iván Jaime) que impediram que o cenário de reconstrução pós- Otávio e Uribe se fizesse de forma harmoniosa e atempada. Sim, porque o FC Porto começou efetivamente a liga aos trambolhões: Grujic e Eustáquio – sobretudo ao nível da falta de complementaridade/ofensividade – nunca representaram solução perene e, mais tarde ou mais cedo, teriam de ser substituídos como foram. É claro que, por aqui, também há o possível contra-argumento: mais vale demorar e trazer Alan Varela e Nico do que não os trazer. Mas tudo, também, pode ser mais célere e efetivo.

Do outro lado do horizonte, Sérgio Conceição também pode optar por sair. É legítimo e, mesmo tendo ficado em 3º na liga, deixa legado de glória no museu dos dragões. Por aí entra em cena o André Villas-Boas que também é treinador: o eventual sucessor terá, acima de tudo, de assegurar um cenário de continuidade do trabalho feito, sob pena do primeiro ano de mandato do novo Presidente ficar marcado pela reconstrução maciça – algo que poderá gerar desconfiança em torno de um papel de sucessor de Pinto da Costa que não o mesmo do que substituir outro qualquer.

No rol das especulações, há uma que faz mais sentido que todas as outras: chamada Vítor Pereira. Numa análise fria, só mesmo o técnico que celebrou o “título “Kelvin” conseguiu semelhante proeza de vencer a liga conduzindo um “fórmula 1” bem menos potente do que o carro liderado por Jorge Jesus (e não se leia Roger Schmidt). O tal que só perdeu um jogo em duas temporadas e que, tecnicamente falando e com provas dadas, está mais do que habilitado a pegar numa equipa mais recheada e envolta numa brisa de serenidade. Porque o risco, nesta altura, é inimigo de quem pretende triunfar. E triunfar já. De forma rápida. André Villas-Boas.

É claro que Portugal é o país dos melhores treinadores do mundo e também é verdade – principalmente agora que a normalidade foi restabelecida – que o FC Porto é um produto apetecível para qualquer treinador de renome. Mas há algo de mais importante que se sobrepõe a tudo isto: a matriz de jogo. Porque quando se contrata um treinador perfilha-se uma determinada ideia, que deverá compaginável com aquela que reside atualmente. Por aí, o processo torna-se mais filtrado e os nomes positivamente reduzem-se. Com a carga emocional de que substituir Sérgio Conceição não é o mesmo que substituir Pinto da Costa mas, seja como for, a coisa anda lá perto ou não muito longe. A questão é que substituir Sérgio Conceição é, também, substituir uma máquina de fazer dinheiro, assente numa valorização efetiva de um leque significativo de jogadores provenientes da equipa B e da formação, num caminho que convém preservar, salvaguardar e assegurar.

Porque, num segundo também, contratar um treinador é logicamente definir uma estratégia que não se encerra apenas na equipa principal. Os tentáculos vão bem para além disso e veja-se, apenas de relance, os processos de desenvolvimento de Vitinha e Fábio Vieira, que desaguaram em vendas milionárias e, na prática, aquisições a custo zero.
Que tem, desde já, uma garantia: por muito que o cenário de Sérgio Conceição possa pender para a saída, a mesma nunca será realizada num cenário de conflito. De confronto. Sim, para qualquer dança são necessários dois mas, no caso, a dança nunca será realizada de costas voltadas. E o facto de Sérgio Conceição já ter revelado que pretende dar a conhecer a sua decisão a breve trecho é elucidativo de um pensamento comum e unânime: quanto mais cedo, tanto melhor. Até porque a temporada 2024/2025 – seja no relatório seja na dinâmica de jogo – já começou. E há muito. E o bom marinheiro prepara-se em terra.

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