Quando joga a seleção, há muito a preparar no café da família Santos Brambrink em Essen mas, após o pontapé de saída, as claques dividem-se: Elisabete e as filhas torcem por Portugal, o marido e o filho apoiam a Alemanha.
"No princípio custou-me imenso, passei jogos de Portugal a chorar porque via que ele não torcia por Portugal, doía-me imenso, custou-me muito a aceitar. Com o passar do tempo, as minhas filhas foram crescendo, elas sempre torceram por Portugal, acabei por aceitar com mais facilidade. Ele sente-se mais alemão como elas se sentem mais portuguesas", explicou Elisabete à agência Lusa.
Com Portugal e a Alemanha a jogar em grupos separados no Euro 2016, a família luso-alemã terá o coração menos dividido, mas caso as seleções se voltem a enfrentar numa partida, a estratégia de jogo é a mesma: Quinas para um lado e Mannschaft para o outro.
"Nos últimos anos, quando Portugal jogou com a Alemanha, era sempre aquela luta. As últimas vezes já foram mais fáceis, eu tinha as filhas do meu lado e ele estava com o pai a apoiar a Alemanha. No fundo, mesmo perdendo, nós acabávamos por nos divertir e tentar não levar isso muito a sério porque no fundo é futebol", contou Elisabete, que vive na cidade de Essen no oeste da Alemanha.
Viviann Brambrink, 14 anos, sente-se "feliz por ser portuguesa", apesar de ter nascido na Alemanha, e às provocações dos amigos alemães que insistem para que mude de cores futebolísticas, a lusodescendente responde sem pestanejar: "dá-me igual".
Para Viviann, Portugal "é um sítio muito feliz" e, no seu dia-a-dia, sente-se "mais portuguesa do que alemã".
Para o irmão mais velho, Valentin, "Portugal não é nenhum país inimigo" mas confessa ter mais "tendência" pela Alemanha.
"A minha mãe é portuguesa, eu falo português todos os dias com ela, com o meu pai alemão. Eu vivo com a cultura portuguesa, seja comida ou o ambiente, cresci com essa cultura mas só em casa. Se não estou em casa, eu não tenho influência portuguesa. Não tem nada a ver. Os meus amigos são todos alemães", explicou o lusodescendente de 17 anos.
A ala portuguesa da família já se conformou: "Não dá para convencê-lo, ele adora a Alemanha", gracejou Viviann.
Elisabete concordou dizendo não haver "nada a fazer" porque "é a personalidade deles, o que o coração deles diz, mesmo tendo sido educados pelas mesmas pessoas e da mesma maneira".